terça-feira, 2 de novembro de 2010

O menino de vermelho

Eu estava jogando malabares ao som do grupo Axé quando ele veio correndo em minha direção. Seu sorriso era contagioso, iluminava o largo. Ele tinha a mesma idade de minha irmã e era tão alegre quanto ela.
Minhas bolinhas cairão, e foi o seu êxtase, pegava-as como se fosse o único tesouro do mundo.
Jogava para um lado , para o outro, para o alto. Corria atrás delas e corria delas. Ficamos brincando durante alguns minutos, singelos minutos.
Ele vestia uma camiseta vermelha e isso para mim simbolizava a vida, a vida no vermelho cor de sangue, um sangue pulsante, vibrante, vivo.
No meio de turistas , de pobres, de artesãos, ele corria, sem a preocupação do mundo dos adultos, parecia um pássaro livre a voar para onde sua imaginação o levasse.
Mas , dizem os ditados populares que a felicidade dura pouco, e foi o que aconteceu, alguém tinha que estragar aquele momento, e com grande pesar e remorso digo que fui eu o responsável por estilhaçar o sorriso de uma criança, daquele momento sublime de vida. Eu tinha que ir embora e levaria minhas bolas de malabares comigo.
Ele lutou, como se fosse a sua própria vida que estivesse em jogo, esperneou, chorou, suplicou mas eu fui intransigente, inexorável e recuperei minha companheira de viagem.
Aqui, meus amigos, eu não quero desculpas pois o ato de retirar a bola desse menino vai muito além do ato em si. É como se eu tivesse retirando a sua chance de ser feliz, fato que se repete todos os dias quando a sua familia não tem dinheiro para comprar um brinquedo, lhe dar uma boa alimentação....

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