terça-feira, 12 de outubro de 2010

Um Pulo em Canindé

Fugi da Rota, munido de pouco dinheiro e uma bolsa, decidi acatar a sugestão de Rodrigo e dar um pulo em Canindé do São Francisco. A cidade é pequena, não tem nem semáforo o que de alguma forma complica minha vida. Foi a primeira vez que fui sem planejamento nenhum para um lugar.Não tinha lugar para dormir,nem para comer, pelo menos tinha um objetivo , visitar o Canyon e a hidroelétrica Xingó.
Cheguei na cidade as 11horas e logo descobri uma das dádivas da cidade, isto é, a carona. Como são poucas as pessoas que tem carro, existe um costume de se dar carona e comigo , felizmente, não foi diferente. Descia do caminhão e pegava um carro,do carro para uma Van, depois uma caminhonete, até chegar no meu primeiro destino. A hidroelétrica. Não consegui entrar, mas só de ver a sua grandiosidade já fez satisfeito e para compensar, descobri um museu de Arqueologia .
Essa também foi a primeira vez que andei com a mochila grande para lá e para cá pois não tinha lugar para guarda-la, sorte que boa parte do peso ficou na casa de Rodrigo, afinal só ia passar dois dias na cidade.
Da hidroelétrica consegui uma carona para a cidade visinha, Piranhas, cidade onde Lampião e seu bando foram mortos. E óbvio que não deixei de visitar o museu que fala dos cangaceiros. A cidade é bem bonitinha, casas coloridas, e o Velho Chico passa ao lado da cidade, formando uma praia de água doce.
Voltando para Canindé fui fazer meu delicioso jantar e arranjei companhia para conversar, e essa conversa logo se tornou um bate papo e me vi sentado em uma cadeira no lado de fora de uma padaria batendo o papo com Augusto e seus amigos. Esse homem fez bastante por mim, me ajudou com a alimentação e ainda me ofereceu um lugar para dormir.
Engraçado, quando comecei a viagem estava com muito receio, pois falavam para mim...
- Não confie nos outros
- O mundo não presta , todo mundo quer tirar vantagem de você
- Você vai ser roubado, cuidado
Mas não é isso que vem acontecendo, até agora não apareceu nenhuma pessoa que quisesse fazer algum mal para mim, só apareceram pessoas fantásticas e de bom coração que me ajudaram , as vezes até mais do que eu precisava.
Sei que o caso de Augusto esta vinculado com o modo de vida de pessoas do interior, mas me pergunto, porque que nessas cidades não existiam moradores de rua, meninos de rua ? Porque as pessoas são muito mais receptivas no interior e na cidade grande?Porque ninguém liga pra ninguém, porque existe a indiferença ao próximo?Porque tratamos assuntos tão problematicos como naturais, como imutaveis?

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